É possível ser feliz no trabalho?

Carreira, Coach, Comportamento, Estratégia

maio de 2016 | LAYDYANE FERREIRA

Compartilhar

*Laydyane Ferreira

 

A preocupação com a felicidade surge a partir de reflexões como a do príncipe butanês Jigme Singya Wangchuck, em 1972: “Ei, o Produto Interno Bruto não é mais importante que a ‘felicidade interna bruta’’.

A questão colocada pelo jovem príncipe butanês é: se o PIB (Produto Interno Bruto) cresce, ou seja, a riqueza cresce, porque o IDH (índice de desenvolvimento humano) não aumenta e os índices de criminalidade não diminuem?

Daí a inspiração para o surgimento do FIB – Felicidade Interna Bruta – termo que pode ser traduzido como a capacidade de uma nação ser feliz por meio de fatores como bem-estar psicológico, saúde, uso do tempo, vitalidade comunitária, educação, cultura, meio-ambiente, governança, padrão de vida, entre outros. Esses fatores elencam uma série de valores básicos humanos como ética, integridade e respeito que não estão necessariamente atrelados à riqueza material.

A psicologia positiva diz que se o estado de felicidade é associado à prática de virtudes –  ou seja, se você utiliza os seus talentos na potencialidade máxima, praticando os seus valores – você está num processo real de felicidade. E o que isso tem a ver com carreira? É no seu trabalho que você também gasta os seus talentos e pratica seus valores.

Ao fazermos algumas conexões com as estatísticas, percebemos algumas causas iniciais de infelicidade no trabalho. Olhando a felicidade sob a ótica do profissional, atrelando-a à questão dos talentos, percebemos que, em média, 60% dos jovens com curso superior desempenham outras atividades profissionais que não aquelas para as quais estudaram. Esse dado, publicado pelo Censo do IBGE no ano 2000, encomendado pelo observatório Universitário, indica claramente que o profissional não sabe ao certo qual a sua profissão, sinalizando alguma dificuldade em alinhavar os seus talentos à uma ocupação no mundo.

Sendo assim, te convido a fazer uma reflexão. Você conhece bem os seus talentos e suas virtudes? Lembrando que talento é algo nato, por exemplo, a inteligência. A virtude é a força motriz para impulsionar este talento, por exemplo, determinação. Ok, você sabe que é uma pessoa extremamente inteligente e muito determinada. Então, quais são os seus valores?

Valores são os fatores que guiam suas decisões. Como exemplos temos ética, respeito, bem-estar, união, resultado, excelência, inovação, empreendedorismo. A pergunta que você deve fazer a si mesmo é: os valores da organização em que trabalha/quer trabalhar são os mesmos nos quais você acredita?

Então, vamos resgatar o nosso modelo mental de felicidade:

  • Felicidade = gastar talentos + praticar valores.
  • Talentos = minhas forças e dons. Aquilo que faço naturalmente, com pouco esforço.
  • Valores = fatores que guiam minhas decisões.

Agora, vamos a algumas reflexões:

  • Em relação à minha vida e minha situação atual no trabalho, o que está me impedindo de ser feliz? Qual talento não estou gastando ou qual valor não está sendo atendido no trabalho?
  • Quando a empresa que trabalho fala da visão e da missão dela, meus olhos brilham? Se eu fosse o dono, faria algo parecido?
  • Os meus talentos estão sendo explorados ao máximo?
  • Há alinhamento mínimo entre os meus valores (aquilo que você dá valor, aquilo que acredita) e os valores da empresa?

Esse é o passo número um para a busca da felicidade: olhar para dentro de si e perceber se você está adequado à sua posição e à sua organização ou à função que exerce atualmente. Faça uma autoanalise.

_____________

* Laydyane Ferreira é formada em Executive and Business Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Pós-graduada em Finanças pela Fundação Dom Cabral e Administradora pela PUC/MG.  Atuante área de gente e gestão há 11 anos, em posições de liderança, principalmente em consultoria de projetos voltados para resultados de alta performance. Em sua trajetória profissional passou por empresas como Falconi Consultores de Resultados, TOTVS, BRF, Intercement, Hospital Albert Einstein, Loma Negra, Wal Mart, Construtora OAS, Unimed-BH, Hospital Socor, Celtins, Pif Paf Alimentos, Caixa Econômica Federal, Vetorial Siderurgia, Kienbaum, Africa etc. Atualmente, trabalha principalmente com desenvolvimento de lideranças, carreira e transformação cultural. É professora nos MBA’s de Gestão de Projetos e Negócios, Liderança e Coaching da Faculdade Pitágoras.