O distanciamento dos gestores no dia a dia da operação é um dos principais motivos de demissões nas empresas
Foi-se o tempo em que o executivo tratava exclusivamente de questões estratégicas e os gerentes, assim como as posições iniciais lidavam apenas no dia a dia da operação das empresas (tático/operacional). Cada vez mais, serão buscados profissionais generalistas que entendam profundamente dos detalhes, especialmente em nosso atual momento macroeconômico, onde é necessário fazer mais (resultados) com menos (recursos).
Graduação, pós-graduação e demais títulos não são mais os principais diferenciais para aqueles que querem conquistar uma nova posição, ou mesmo aqueles que desejam manter-se firmes em suas atuais atribuições. Vivência internacional, fluência em idiomas e escolas de primeira linha, são sim importantes, todavia a prática e como cada um age no momento da crise, mostrará de fato quem permanece nas empresas e quem pode ser dispensado. Com a crise instaurada, as luzes estão acesas nos processos das organizações e com isso, os gaps estão mais visíveis e os acionistas cobram por mais resultados, assertividade e redução de custos.
Somente aqueles que atuam “do terno à botina” em questão de segundos, ou seja, que transite do estratégico ao operacional, perdurarão ao longo do tempo nas organizações. Além de dominar os processos, é preciso conhecer também profundamente as pessoas às quais lideram tais processos. Como promover mudanças sem sequer ter pleno conhecimento das competências das pessoas?
Cabe ao líder expor seus liderados à uma zona de stretching (um nível acima da zona de conforto), com desafios constantes e não na zona de pânico. Do contrário, os talentos irão embora, muitas vezes para o concorrente. É preciso equilibrar desafios às oportunidades e com isso, tirar o melhor de cada um, de acordo com cada potencialidade, competências e gaps (que devem ser mapeados via assessment – ferramentas avaliativas).
E claro, para ter uma atuação mais assertiva, os profissionais precisam saber criar sinergias entre áreas e ter maturidade emocional para se posicionar, bem como expor e defender suas ideias. Em momentos de crise e ajustes nas organizações, engajar, direcionar e influenciar são competências exigidas aos líderes. A gestão à distância já não se mostrou eficiente em momentos de bonança e atualmente, àqueles que continuam fazendo a chamada “Gestão de Helicóptero”, do Presidente às posições iniciais, se já não foram, são fortes candidatos a serem os próximos a estarem nas listas de demissões.
É importante salientar que cabe aos líderes fazer a gestão, bem como verificações pontuais de seus liderados e de suas entregas e não assumir a execução operacional. Outro ponto importante a ser observado é que as empresas já não estão tolerando mais líderes com atitudes centralizadoras, uma vez que promove uma morosidade no ambiente corporativo, tornando-se ineficiente.
_____________________
David Braga é Presidente e Headhunter da Prime Talent (empresa de busca e seleção de executivos de média e alta gestão, que atua em todos os setores da economia, nacionalmente). É formado em Relações Públicas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH) e pós graduado em Marketing Estratégico pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo. Tem vivência internacional em Trinidad & Tobago, Londres, África e Nova York.