* Augusto Carneiro
O Conselho de administração é responsável por pensar a empresa no longo prazo, garantindo sua competitividade e consequente perenidade. A crise é aguda, em geral de curto prazo, e demanda medidas urgentes e extremas.
A crise materializada no segundo governo da presidenta Dilma Roussef, apesar de mais aguda que o esperado, foi uma crise anunciada. Nesse sentido, temos três cenários comuns nos conselhos:
As oscilações severas de faturamento exigem um controle gerencial mais avançado para sobreviver aos tempos de “vacas magras”, independentemente do setor.
A contribuição do conselho de administração está diretamente relacionada à repensar constantemente o negócio, para garantir melhor adaptação ao ambiente no curto, médio e longo prazo. Principalmente, em momentos de incerteza alguns negócios precisam ser reinventados, em alguns mercados como o de tecnologia, com crise ou sem crise a velocidade das mudanças são altas e se reinventar é premissa de sobrevivência.
Diante disso, para repensar o negócio, se reinventar é importante saber identificar as necessidades dos clientes e atendê-las com mais efetividade, ou seja, maior aderência e menor custo. Esse é o grande desafio dos conselheiros.
Muitas vezes pensamos que a necessidade do consumidor é um telefone, pequeno, fácil de transportar que possa ligar para qualquer um a qualquer momento e em qualquer lugar. No entanto, isso não é a necessidade e sim um produto proposto para atender algumas necessidades dentre elas a de comunicação e sociabilização. Se o foco está na necessidade de comunicação pode se perceber que a maior parte das comunicações dos clientes são de curta duração e que por mensagem podem ser mais rápidas e mais assertivas ao horário que o receptor deseja responder e nesse caso celulares maiores para facilitar a leitura, com bom acesso a internet e aplicativos de mensagens ágeis e de amplo acesso são soluções melhores. O pequeno exemplo, é um dos muitos fatores que eliminaram líderes de mercado como a Nokia, Blackberry, e permitiram a outros players como Apple, Sansung, Asus apliarem seus mercados.
Às vezes, é comum achar que o cliente precisa de uma furadeira moderna, ou um adesivo para prender mais fácil o quadro na parede. Na verdade, o consumidor precisa da imagem do quadro na parede. Se vai ser com adesivo, com furadeira, com imã, sistema holográfico etc, não importa. O consumidor vai buscar a solução de melhor custo benefício para ter a imagem na parede. Quem atender melhor à necessidade vence a competição.
Nessa ótica, entendo que os conselhos precisam entender as necessidades de seus clientes e consumidores e pensar sempre como atendê-las com maior efetividade. Com o avanço tecnológico alguns processos não são mais eficientes e vão desaparecer, isso pode matar ou não a empresa, tudo vai depender se o conselho trabalha para fazer um produto/serviço ou se trabalha para suprir as necessidades dos clientes e consumidores.
Quando o foco está nos fins a assertividade dos meios é maior.
Enfim, as crises não são eternas, sempre tem muitas oportunidades no mercado, cabe ao conselho ter uma visão de longo prazo sem relevar a crise, pois quando ela terminar, a seleção natural terá ocorrido e aqueles que pensaram na perenidade e na maior efetividade no atendimento às necessidades dos clientes e consumidores, vão ficar mais fortes.
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Augusto Carneiro CFP® é formado em Administração no Ibmec, com MBA em Finanças, Auditoria e Controladoria pela FGV-Fundação Getúlio Vargas, MBA em Hotelaria pelo Senac, especialização em Finanças Corporativas Avançadas pelo Instituto de Finanças de Nova York e pela Fundação Dom Cabral, e Especialização de Conselheiro de Administração pelo IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Atualmente é Sócio do private equity da Top Capital Partners, membro do conselho de presidentes e de conselhos de empresas em diversos segmentos. Possui mais de 10 anos de experiência na àreas de finanças e gestão. Atuou como Diretor de Investimentos da LHG, Gerente Financeiro do grupo da Drogaria Araujo e consultor sênior de gestão do INDG- Instituto de Desenvolvimento Gerencial. Atuou em diversos segmentos como Varejo, Hotelaria, Turismo, Educação, Saúde, Mineração, Automotivo, Logístico, Administração Pública e Mercado Financeiro. Possui certificações CFP – Certified Financial Planner e CPA-20 ANBIMA.