A Felicidade nas organizações

Carreira, Coach, Comportamento

junho de 2016 | LAYDYANE FERREIRA - COACH

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* Laydyane Ferreira

 

Segundo uma pesquisa realizada por Travis Bradberry, no site de carreiras norte-americano Business Insider, as pessoas não deixam seus postos de trabalho; elas deixam seus chefes, ou seja: é por meio da liderança que a felicidade no trabalho é conectada. Vamos abordar aqui um pouco mais sobre a felicidade nas organizações – dada a premissa de que o profissional achou sua ocupação certa.

Em qualquer organização a responsabilidade de praticar e evangelizar os valores no cotidiano da empresa é do líder. Um líder inspirador e engajado motiva e traz os valores da organização para sua equipe e gera produtividade e comprometimento imediatos.

Mas, e quando você é o líder e não possui uma liderança inspiradora? É possível ser feliz no trabalho?

Dessa forma te convido para fazer uma reflexão sobre liderança baseada em princípios. Segundo um dos maiores líderes da nossa história, Mahatma Gandhi, nós não mudamos o outro, mudamos a nós mesmos. Então, mude a sua perspectiva e veja que você está na organização para servir e motivar as outras pessoas.

Veja a situação como você fosse o dono da empresa. Nessa hora, você enxerga a sua conexão com a missão do negócio. Eu não vou entrar aqui na questão de perfil de um líder de sucesso para o qual alcançar resultado faz parte da sua rotina –  e é obvio que o mercado exige essa competência. A questão é se você está conectado com este propósito e com os valores que acredita. Isso o deixa livre para motivar sua equipe.

Ressalto um exemplo recente de um cliente que era massacrado por suas lideranças e estava exposto à um ambiente extremamente competitivo. Daí a pergunta: se sua vida fosse encerrada hoje, qual seria o legado que você deixaria? Você viveu pelos seus valores até aqui, respeitou as pessoas, deu o seu melhor, foi ético e verdadeiro com seus pares, líderes?

Você pratica aquilo em que acredita? Se está sendo “maltratado”, como anda a qualidade dos relacionamentos com pessoas fora o âmbito profissional? A novidade é que quando você não vive pelos seus valores, atrai situações que você não deseja. Se, por exemplo, as pessoas não andam cumprindo o que tratou com você, avalie também o seu comportamento! Você anda cumprindo tudo? Olhe para fora da esfera profissional. Como também está agindo com seus familiares, amigos?

Agora, vamos fazer uma reflexão em relação ao papel do líder. Como executar esse processo de felicidade? Pergunte-se:

  • Se sou líder, estou evangelizando a minha equipe com os valores da empresa? Sou o exemplo deles?
  • Quando dou feedback, relembro qual valor está desalinhado com o comportamento indesejado?
  • Estou direcionando a equipe para os resultados que a organização deseja e colocando a missão, visão e os valores no contexto?

Aqui vai um exemplo simples de como fazer:

  • Missão da empresa: ajudar as pessoas a terem mais saúde por meio do fornecimento de alimentos saudáveis.
  • Visão: Ser a primeira opção de suco na mesa dos brasileiros.
  • Valores:
    • Ética e transparência
    • Bem-estar
    • Excelência
    • Inovação

Vamos supor que você, líder, está alinhado com tudo o que a empresa prega, incluindo os valores. Você é o líder certo para função, seus talentos estão sendo aproveitados ao máximo e você está feliz!  Chega um colaborador da sua equipe e diz: tive uma ideia excelente, vamos alterar a forma de fazer a produção do produto Z. Se você estiver alinhado aos valores da empresa, irá dar oportunidade para o projeto fluir, afinal, é inovação. Mas, se não estiver alinhado, mata a pessoa e diz: não, deixa pra lá, não é o momento, não temos dinheiro, achando tudo bobagem. Então, o que você fez com o valor que a empresa diz que tem? Se o seu colaborador tinha necessidade de gastar algum talento (criatividade) tendo como valor a inovação (empreendedorismo), você matou a oportunidade de fazer uma pessoa feliz.

Ressalto que em cenários de escassez e de não priorização do investimento, o “não” é fato; o que muda é o meio hábil da liderança em conduzir o processo (por exemplo, dar a resposta “vamos montar o projeto e, sendo viável, no próximo orçamento vamos brigar por ele”). Uma opção é entender a necessidade do seu colaborador de inovar e alocá-lo em outras oportunidades de inovar. É necessário escutar, entender, promover as pessoas. Para exemplificar a importância dessa prática, encerro nossa conversa com a história do mensageiro que teve um final nada feliz:

Era uma vez um rei que recebeu um mensageiro de uma terra distante. O mensageiro trouxe a notícia de que a filha preferida do rei estava prestes a se casar com o filho de um de seus mais odiados inimigos. O rei ficou tão irritado que na hora matou o mensageiro. Quando os guardas do rei chegaram para remover o corpo, ele descobriu, para seu horror, que o mensageiro era a sua filha disfarçada. Muito tarde, ele percebeu que ela havia se disfarçado na esperança de prepará-lo e diminuir a sua reação furiosa de modo que pudesse, eventualmente, reconciliar todos com o seu casamento e receber as suas bênçãos – eles que se amavam profundamente.

Não mate sua equipe, não mate você! A soma de pequenas atitudes e comportamentos norteados por princípios e valores movimentam o processo de felicidade nas organizações.

 

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* Laydyane Ferreira é formada em Executive and Business Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching. Pós-graduada em Finanças pela Fundação Dom Cabral e Administradora pela PUC/MG.  Atuante área de gente e gestão há 11 anos, em posições de liderança, principalmente em consultoria de projetos voltados para resultados de alta performance. Em sua trajetória profissional passou por empresas como Falconi Consultores de Resultados, TOTVS, BRF, Intercement, Hospital Albert Einstein, Loma Negra, Wal Mart, Construtora OAS, Unimed-BH, Hospital Socor, Celtins, Pif Paf Alimentos, Caixa Econômica Federal, Vetorial Siderurgia, Kienbaum, Africa etc. Atualmente, trabalha principalmente com desenvolvimento de lideranças, carreira e transformação cultural. É professora nos MBA’s de Gestão de Projetos e Negócios, Liderança e Coaching da Faculdade Pitágoras.